terça-feira, 22 de maio de 2018

Máquina panóptica: um acontecimento na história do espírito humano

A construção arquitetônica de tipo panóptica criada por Jeremy Bentham no século XVIII consistia em uma organização espacial aonde poucos vigiavam muitos e inspirou os modelos utilizados nas prisões, escolas e fábricas. Tratou-se de uma máquina capaz de se inscrever na subjetividade dos sujeitos ao ponto de ser descrita por Foucault como uma acontecimento na história do espírito humano.

O filósofo francês argumenta que houve uma mudança nos dispositivos de visibilidade na passagem das sociedades soberanas para sociedades disciplinares (XVIII). Enquanto a visibilidade monárquica centrava-se autoridade real e na capacidade de se fazer valer a sua vontade, nas sociedades disciplinares o foco da visibilidade se inverte, quando quem deve se tornar visível são aqueles que sofriam o constrangimento do poder. Desde então, o indivíduo comum ganha visibilidade e uma individualidade, especialmente aqueles nomeados como "anormais", que deveriam ser vigiados e normatizados.

Foucault denuncia no texto Olho do poder. presente no livro Microfísica do Poder, justamente esse maquinário cuja função é produzir uma sensação de vigilância constante ao ponto de o indivíduo produzir por ele mesmo uma vigilância sobre si, portanto subjetivar-se enquanto um déspota de si. Trata-se antes de tudo de um mecanismo de normatização das condutas e disciplinamento dos corpos passível de classificação como proto-fascista. 

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