A construção arquitetônica de tipo
panóptica criada por Jeremy Bentham no século XVIII consistia em uma organização
espacial aonde poucos vigiavam muitos e inspirou os modelos utilizados nas
prisões, escolas e fábricas. Tratou-se de uma máquina capaz de se inscrever na
subjetividade dos sujeitos ao ponto de ser descrita por Foucault como uma acontecimento na história do espírito
humano.
O filósofo francês argumenta que
houve uma mudança nos dispositivos de visibilidade na passagem das sociedades
soberanas para sociedades disciplinares (XVIII). Enquanto a visibilidade
monárquica centrava-se autoridade real e na capacidade de se fazer valer a sua
vontade, nas sociedades disciplinares o foco da visibilidade se inverte, quando
quem deve se tornar visível são aqueles que sofriam o constrangimento do poder.
Desde então, o indivíduo comum ganha visibilidade e uma individualidade,
especialmente aqueles nomeados como "anormais", que deveriam ser
vigiados e normatizados.
Foucault denuncia no texto Olho do poder. presente no livro Microfísica
do Poder, justamente esse maquinário cuja função é produzir uma sensação de
vigilância constante ao ponto de o indivíduo produzir por ele mesmo uma
vigilância sobre si, portanto subjetivar-se enquanto um déspota de si. Trata-se
antes de tudo de um mecanismo de normatização das condutas e disciplinamento
dos corpos passível de classificação como proto-fascista.
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